Ensinar sobre sexo, para muitos pais, não é uma tarefa nada fácil. Apesar da Revolução Sexual dos anos 60, uma comunicação mais aberta entre as gerações e informações acessíveis a um toque do computador, há muitas barreiras quando o assunto é sexualidade.
Alguns fatores ainda são proeminentes para que isso aconteça como o legado cultural de centenas de anos, de que tudo que se refere ao sexo, é algo proibido, velado e reconhecido como carnal e até diabólico. Infelizmente, hoje, os filhos aprendem mais sobre sexo na rua, com colegas, mídia, literaturas nada confiáveis, etc. São exceções, os filhos que conversam livremente com seus pais sobre suas dúvidas nesta área. Muitos não têm sequer conhecimento sobre o que a Bíblia diz sobre o assunto, pois na igreja quase não há instrução para os filhos, bem como orientação para os pais e professores sobre educação sexual.
Sem generalizar a situação, encontramos em um número bem menor, as igrejas e pais que se preocupam com este fato, proporcionando um ensino adequado para a sua juventude. Nos lugares, onde não há uma orientação bíblica equilibrada, há um número maior de jovens que transam antes do casamento, adolescentes grávidas, abortos, abuso sexual, problemas com pornografia, etc.
Deus nos tem dado o privilégio de sermos usados para instruir à juventude na Palavra, sobre sexualidade, vida afetiva e santificação. Temos sido abençoados em poder ajudar muitos jovens a restaurar suas vidas e prevenir, incentivando que os mais novos possam optar por uma vida que glorifique a Deus, até mesmo com seu corpo. Nosso maior desafio ainda é despertar os pais, sobre a importância de cumprirem sua tarefa de educar seus filhos em todas as áreas, inclusive na sexual e afetiva.
A juventude é o período de grandes escolhas. O desafio maior é como lidar com a sexualidade, pois um erro no que toca ao sexo pode trazer conseqüências negativas para o resto da vida. Fica a questão: “A Educação Sexual está sendo inserida na vida de nossos filhos de forma adequada e saudável?
O desenvolvimento da sexualidade humana
O desenvolvimento da sexualidade se dá desde antes do nascimento da criança. Os pais, avós, tios, amigos, irmãos, vão formando suas expectativas e sonhos para o bebê que vai nascer. De certa forma os desejos inconscientes, vão influenciar as características da personalidade do pequeno que chegará ao mundo.
O bebê não nasce sabendo qual é o seu sexo. A construção da sexualidade depende, não só de aspectos biológicos, mas também de processos individuais, sociais, psíquicos e culturais, que envolvem experiências, atitudes e identificações. À medida que a criança vincula-se com sua mãe, seu pai e outros, vai firmando sua concepção de masculino e feminino, através da observação e modelos que o ambiente oferece para a diferenciação dos sexos. Cada etapa da vida, desde o nascimento até a velhice, há questões da sexualidade que devem ser tratadas e ensinadas sobre como lidar com os novos desafios que surgem.
CONTRIBUINDO PARA UMA SEXUALIDADE SADIA
O desenvolvimento da sexualidade das meninas, em parte não difere tanto dos meninos. Quando criança, ambos possuem uma curiosidade e interesse pelo corpo do outro, pois começam a observar as diferenças entre meninas e meninos e acontecem as identificações com os órgãos genitais dos pais.
Na tentativa de preservarem a “inocência” infantil, os adultos recorrem às explicações mágicas, colocando fantasias no pensamento da criança. Até bem pouco tempo, dizia-se às crianças que elas teriam sido trazidas pela cegonha, ou ainda brotado de uma flor, etc. Hoje, sabemos que não há necessidade de mentir às crianças, mesmo porque elas são muito mais espertas, recebem informações de várias fontes, portanto, estas fantasias só servirão para desconfiarem dos adultos.
O assunto sobre sexo deve ser introduzido espontaneamente, à medida que sua filha questiona sobre o assunto. O melhor a fazer é falar a verdade, introduzindo neste momento palavras científicas (vagina, pênis, seio, nádegas, etc) evitando assim gozações, malícia e palavras de duplo sentido.
É interessante notar que, apesar de muitas famílias tratarem o assunto de maneira velada e fantasiosa, não são raras as vezes que se rendem à graça de suas meninas, que dançam freneticamente de forma erotizada e sensual, ao som de músicas de diversos grupos populares, cujas letras primam pelo duplo sentido. Ou então, vestem-nas com roupas que imitam mulheres adultas e trazem uma conotação sensual. Para a criança, essas danças e vestimentas não possuem um apelo sexual, mas para o adulto que a observa, já tem outro significado.
Mais um aspecto da fase infantil, é tocar os genitais para explorar o próprio corpo. Isto causa prazer e uma sensação boa. Nos meninos, pode ocorrer a ereção peniana, durante a exploração corporal, como também no momento da amamentação, pois a sensação de cuidado da mãe combinada com as mensagens transmitidas ao cérebro pelos terminais nervosos da boca, são interpretadas como sensações de prazer, e assim, ativam reflexos neurológicos e musculares. Também pode ocorrer em outras situações, como na troca de fralda, nas brincadeiras, etc. Isso não se restringe só aos meninos. Da mesma forma ocorre a lubrificação vaginal nas meninas. É importante saber que a criança é pequena demais para ter consciência do fato. Não ocorre uma excitação erotizada, como a um adolescente ou adulto cheio de testosterona.
A maneira como os pais reagem à observação desses reflexos, faz parte do primeiro aprendizado sexual. Por exemplo, os pais que ficam chocados ou desaprovam, poderão transmitir embaraço para a criança, mas ao reagir de modo mais calmo transmitirão segurança. É preciso oferecer várias opções de entretenimento, para que a criança aproveite sua fase infantil da melhor forma possível e deixe sua sexualidade desabrochar naturalmente.
Buscar programas interessantes que estejam de acordo com a sua faixa etária, comprar Cds infantis e roupas que estejam de acordo com sua idade são medidas que, se não evitam tudo (uma vez que sua filha vive entre outras meninas), ajudam a formar uma educação sexual mais adequada. /Uma fase importante na sexualidade infantil é a intimidade entre pais e filhos. Os cuidados, os banho, a amamentação, os abraços, carinho e afagos, principalmente do pai para com a filha, faz com que sua afetividade se desenvolva num clima de aceitação, contribuindo para que no futuro não tenha dificuldades na formação de relações íntimas.
O exemplo dos pais é muito importante. Ver os pais trocando carinhos e abraços, traz um crescimento emocional sadio. Inclusive, deve-se aproveitar este contexto de afetividade e ensinar o quanto é bom dar e receber carinho, que Deus se alegra quando fazemos isso. Pois assim, como nos amamos, Ele também nos ama. Já, ver os pais brigando a toda hora, pode ter exatamente o efeito oposto. Traz uma visão negativa do que seja intimidade e a pessoa de Deus.
Chega a Adolescência, e com ela os hormônios, que possibilitam a descoberta do prazer e o interesse pelo sexo oposto. Há uma explosão emocional e torna-se difícil conter os impulsos, que os levam à prática das primeiras relações sexuais.
Nossas filhas quando pequenas brincavam de casinha, com bonecas, ouviam histórias com príncipes e princesas e finais felizes. Com tudo isso na imaginação, esperam finalmente encontrar o príncipe que as tornará felizes para sempre. Mas a realidade é outra. É preciso ir á luta e enfrentar os dilemas da adolescência. Lidar com seu corpo, os desejos, o sexo oposto, com as escolhas entre o certo e o errado. Além da pressão da turma, os apelos dos meios de comunicação de massa (novelas, comerciais, filmes, revistas, músicas, internet, etc), torna-se um desafio.
A adolescente descobre que através da sensualidade, consegue ter o interesse dos garotos. Então começa a usar roupas que destacam sua silhueta, com decotes “mais profundos do que o vale da sombra da morte”. A moda, ajuda a destacar o corpo com calças de cintura baixa e agarradas, as blusas curtas e justas, que faz qualquer “irmãozinho”, por mais santo que seja arrepiar-se todo. Pois afinal “é crente, mas também é quente”. Esses são alguns argumentos que usamos em nossas palestras à juventude. Exortando-os, a usar seu corpo em honra e que glorifique a Deus, pois esta é Sua vontade, pois somos templos do Espírito Santo.
Um argumento que damos como exemplo para as garotas, é fazer o teste do espelho: colocando-se na frente dele, com a roupa que vai sair e perguntar: – “E aí Jesus, gostou?” Se não houver dúvidas sobre a forma que está vestida, provavelmente, Jesus iria gostar.
Um ambiente saudável na família, onde o sexo é tratado como uma benção e um presente dado por Deus, as situações de tentação e escolhas acontecerão sem tantas dificuldades, e não será tão difícil fugir do pecado.
O mais importante, é que os pais deem uma orientação sexual mais bíblica do que baseada em cultura e dogmas. Ninguém tem a obrigação de saber tudo. Mas deve estar bem consciente do seu papel na formação da sexualidade dos filhos.
Um tema assim tão amplo e ao mesmo tempo complexo, exige dos pais um bom preparo. Frequentar cursos, ouvir especialistas, ler bons livros, são algumas sugestões para transmitir de forma simples e bíblica às suas filhas, princípios sobre sexualidade. Assim no futuro, poderão ser mulheres sexualmente saudáveis, felizes e que amam a Deus.
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