O desejo de encontrar alguém que nos ame, proteja e acolha é inerente ao ser humano. Carl G. Jung, defendeu que é como se recordássemos uma felicidade do passado, vivida na infância, no aconchego do abraço de nossa mãe.
Pensando mais remotamente, desde o Éden (como mencionado por James Hillman) queremos reviver a experiência de “confiança total”, vivenciada pelo primeiro casal, antes do pecado. William Glasser em seus pressupostos, diz “que somos por natureza seres sociais” e que “o amor e o pertencimento estão entre as maiores necessidades das pessoas”.
Estes estudiosos só confirmam a verdade bíblica: somos a imagem e semelhança de Deus. O Criador é um ser relacional, que é amor, que ama e quer ser amado. Depois de criar a luz, as águas, o céu, a terra, os rios e mares, as árvores, os animais, viu que tudo era bom. Mas é no Adam (no ser humano – macho e fêmea), que Ele vê a melhor maneira de expressar a sua Imago Dei.
“Então disse Deus: façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança… Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou…”. Gn 1.26,27,28.
Homem, mulher e a experiência da Trindade
Deus pretende que na relação do casal, homem e mulher vivam a experiência da Trindade. “Então o Senhor Deus declarou: ‘Não é bom que o homem esteja só’”. Gn 2.18. Na Trindade, há uma unidade na diversidade. Deus é “3 em 1”: Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito. Cada um com sua identidade e particularidade, mas ao mesmo tempo um. Na relação do casal há o mesmo desafio: dois que buscam ser um – “Deixará o homem seu pai e mãe e se unirá a sua mulher e eles se tornarão uma só carne”. Gn 2.24.
Cada um vem para o relacionamento com sua identidade. A mulher não deixa de ser mulher, vem com suas percepções de mulher, na sua bagagem traz sua história pessoal e familiar, seus desejos, seus sonhos e necessidades. O homem traz seu jeito de homem, com suas percepções, idéias, ideais e projetos. Na sua bagagem, sua história de vida pessoal e familiar. Surge então, o nascimento do casal, que faz desabrochar a paixão, os sentimentos de felicidade, que o amor proporciona e nos faz tão bem!
Por que eu amo você? Porque está dentro de mim, construir um “nós” com você. Pois, esta é a proposta original de Deus: o casal vivenciar a unidade experienciada na trindade.
Quero viver a passagem da paixão para o amor, num relacionamento compartilhado, fundamentado na empatia, na cooperação e compreensão. Cada um com sua função, contribuindo para um bem maior: a construção do “nós”. Um funcionamento, segundo “um mais um é igual a três”, ou seja, formado por três elementos à semelhança da trindade: “o eu, o você e o nós”!
“o Eu, o Você e o Nós”
Nem o chocolate mais fino e delicioso do mundo, pode proporcionar ao ser humano a felicidade que o homem e a mulher encontram, ao vivenciar um amor compartilhado e mais próximo à relação semelhante à trindade.
Que Deus nos ajude a viver este desafio em nosso relacionamento conjugal: ter a minha identidade (o “eu”), dar a possibilidade e a liberdade para o meu cônjuge ser quem ele realmente é (o “você”) e juntos construirmos o “nós” do casal.
Autora: Magali Leoto