Russell Shedd – Extraído do livro “O líder que Deus usa” – Ed. Vida Nova
A primeira exigência de um líder cristão é santidade. Ele precisa ser sensível ao pecado que outros possivelmente consideram aceitável. Isaías tornou-se sensível a sua fala impura logo que viu o Senhor exaltado no templo. O tremendo som da repetição de “Santo é o Senhor dos Exércitos” pelo serafim, estarreceu-o (ls 6.1-3). Ele gritou: “Ai de mim! Estou perdido!” (v.5). Esse foi o efeito que a visão teve no jovem profeta. É improvável que Isaias usara uma linguagem mais violenta, impura ou blasfema do que seus contemporâneos, porém, um sentimento de culpa tomou conta dele no ambiente santo que enchera o templo. Deus preparou Isaías para liderar, fazendo-o completamente miserável diante de sua natureza pecaminosa.
Deus ordena a todos os seus filhos: “Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1.16; Lv 11.44; 19.2). Ele, assim, revela ambos – a base e o padrão da santidade. O alicerce da santidade do líder está no caráter do Deus que ele está representando. Se a descrição “homem de Deus” falha em representar a pessoa em comando, a organização cristã que ele lidera se sentirá mais livre para andar nas trevas. Um modelo com ações dúbias encoraja seguidores a dar “jeitinhos” e ser hipócritas. O comportamento não apropriado para um líder torna a nova natureza dos filhos da luz em uma farsa (Ef 5.8: “Porque outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz”).
A importância da boa reputação de um líder é algo de conhecimento geral. Confiança é algo tão crucial, especialmente na liderança, que uma reputação manchada criará sérios problemas. Quando espalha-se a notícia de que um pastor ou um líder é uma pessoa adúltera, isso causará ondas de choque na congregação. Semelhante à um terremoto, a destruição que isso acarreta à fé de jovens e adultos pode ser igualmente devastadora. Certamente, esta é a razão que Jesus atribui tão terrível condenação àqueles que causam a queda dos “pequeninos”, isto é, dos crentes novos e instáveis na fé. Em alguns casos, eles não sobreviverão ao choque (Mt 18.1-11). Não somente pecado sexual, mas todas obras más que possam arruinar o bom nome do líder têm um efeito destrutivo nos seus seguidores.
Um líder não cai de repente, mas é como uma árvore em um processo vagaroso de apodrecimento interno; ela cai, quando um vento forte sopra, porque a doença havia enfraquecido a estrutura interior. Porém, há sinais de aviso: um índice baixo de disciplina em áreas como fantasias e sonhos, comida, vícios a alguns hábitos ou apetites, mostram claros sinais de perigo. A falta de compromisso com os princípios éticos e doutrinários deve ressoar como um alerta. A recusa de prestar-se contas a alguém, que não seja a si mesmo e a racionalização dos erros cometidos acarretam o enfraquecimento da consciência. Além desses, há também outros sinais de alerta.
“Eu não posso jamais pensar que, já que Deus tem-me perdoado, eu deva perdoar-me de forma fácil”. Essa foi uma regra vivida por Charles Simeon de Cambridge, na Inglaterra, um pastor que Deus usou poderosamente no começo do século XIX.